A Linked Foundation, com sede nos Estados Unidos, direciona seu impacto ao enfrentamento de um problema desatendido na América Latina: a saúde da mulher. Para isso, encontrou um parceiro especialista na intermediação de recursos, a New Ventures, com quem constituiu o Empodera 360º, que oferece assistência técnica e financiamento às empresas de saúde da mulher (ESMs). Essa relação de confiança e colaboração possibilitou a consolidação de um programa integral que permite expandir a capacidade de apoio financeiro e não financeiro para as ESMs, a fim de fortalecer o setor da saúde com foco em gênero.

Descrição Geral

As desigualdades sociais, econômicas e de gênero são as causas da desigualdade na saúde; elas são sistemáticas e impedem que as pessoas e comunidades atinjam seu pleno potencial na área da saúde1. As desigualdades de gênero se constituem em uma barreira à equidade de gênero na saúde, não apenas pelas dificuldades que as mulheres enfrentam para acessar os serviços de saúde, mas também pela sua participação como trabalhadoras nesse setor, considerando que 70% dos profissionais sociais e da saúde do mundo são mulheres2.

As barreiras à equidade que as mulheres enfrentam são especificamente evidentes na saúde reprodutiva, materna, neonatal, da criança e da adolescência, além da barreira causada pela violência3. Essa situação é ainda mais preocupante para mulheres em situação de vulnerabilidade (em condições de pobreza, povos indígenas ou em áreas rurais, entre outras), que enfrentam mais "barreiras para acessar um atendimento médico sistemático de saúde reprodutiva, provocando a falta de atendimento das necessidades de anticoncepcionais, gestações indesejadas, casos de câncer e ISTs [infecções sexualmente transmissíveis] não diagnosticadas”4.

Na América Latina, uma região marcada pelas desigualdades sociais e econômicas, é evidente a relação entre a falta de oportunidades no mercado de trabalho formal e a inequidade de gênero na saúde. Essa relação existe porque a participação das mulheres no mercado de trabalho é de apenas 53% nas áreas urbanas, em comparação com 77% dos homens, além do fato de que 79% das mulheres empregadas trabalham em setores de baixa produtividade, onde as taxas de acesso à proteção social também são baixas5. O impacto dessa situação é consideravelmente evidente, visto que restringe o acesso à proteção social e, portanto, aos serviços e cuidados de saúde.

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Além desses desafios, o investimento de impacto com foco em gênero é muito baixo no setor da saúde. Entre 2018 e 2019, os investidores de impacto alocaram mais de US$ 600 M através de 619 acordos na América Latina. Do total, US$ 291 M foram investidos nos setores da agricultura e microfinanças, ao passo que apenas US$ 8 M foram investidos no setor da saúde, mediante a celebração de 20 acordos6. Isso se deve ao fato de que os investidores acreditam que, em questões de saúde, os clientes procuram baixos custos ou serviços públicos gratuitos, em vez de opções de maior qualidade no setor privado. Portanto, pressupõem que os investimentos na saúde devem ser responsabilidade do setor público. Além disso, muitas empresas de saúde são demasiado grandes para receberem

microfinanciamento ou investimento local informal, mas muito pequenas ou de alto risco para bancos, empresas de capital privado, instituições financeiras de desenvolvimento ou outros investidores focados no financiamento de organizações maiores e mais maduras7. Dessa forma, não apenas surgiu um problema de saúde desatendido, mas também a oportunidade de preencher a lacuna de financiamento enfrentada por esse setor.

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A Linked Foundation, organização criada nos Estados Unidos em 2006, focada em garantir recursos financeiros para a geração de impacto social, identificou nesse problema a oportunidade de gerar um impacto mais estruturado e sistêmico. A fundação observou a demanda por soluções de saúde de alta qualidade e centradas no cliente, por parte de pessoas de baixa renda na América Latina. Diferentes pesquisas identificaram iniciativas que atendem essa necessidade, são rentáveis e geram retornos sobre o investimento.

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Um dos eixos da missão da Linked Foundation é a abordagem de gênero baseada na premissa de que as mulheres são agentes fundamentais de mudança por serem tomadoras de decisões em questões relacionadas à saúde e economia das famílias e da sociedade. Isso permitiu que a fundação passasse a trabalhar na ativação de investimentos em um setor desatendido e que se focasse em um grupo particularmente vulnerável na saúde: as mulheres, que, adicionalmente, são as que recebem menos financiamento como empreendedoras. Para atingir seu objetivo, investe em instrumentos técnicos e financeiros que contribuam para o desenvolvimento e a expansão de negócios sociais que melhoram a saúde das comunidades em toda a América Latina e Estados Unidos.